“Uma Igreja missionária e encarnada”, o Papa Francisco e seu legado na Amazônia, segundo o Cardeal Leonardo Steiner

“Uma Igreja missionária e encarnada”, o Papa Francisco e seu legado na Amazônia, segundo o Cardeal Leonardo Steiner
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Em entrevista coletiva após a morte do Papa Francisco, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da Amazônia brasileira, lembrou-o como “o grande sucessor do Concílio Vaticano II” e o pontífice que mais inspirou seu espírito desde Paulo VI. “A Igreja nunca mais será a mesma”, afirmou, reconhecendo no Papa um pastor que despertou a Igreja para abraçar a diversidade, a missão e o presente.

O cardeal Steiner, nomeado pelo próprio Francisco em 2019 e criado cardeal em 2022, enfatizou que o pontífice defendeu a renovação conciliar e a viveu com coragem, resistindo à nostalgia e às pressões internas: “Ele queria uma Igreja aberta, atenta aos sinais dos tempos, sem olhar para trás”, disse ele.

Ele lembrou de um Papa que incentivou as pessoas a colocarem em prática o que foi discutido no Sínodo para a Amazônia, lembrando que, em cada encontro, Francisco o questionava sobre a região e o encorajava a ser “uma Igreja missionária, comprometida com a transformação social e chamada à inculturação“.

Fidelidade ao Conselho e escolha de novos gestos

O cardeal disse que, ao limitar o uso da missa tradicional em latim, o Papa Francisco promoveu a liturgia aprovada por São Paulo VI: “Ele não queria retornar aos gestos do passado. Ele foi fiel ao que o Concílio propôs”.

Para o cardeal Steiner, essa posição do Papa reflete sua compreensão de uma Igreja que não pode retroceder: “Não se trata de conservadorismo ou progressismo. Trata-se de entender que não podemos mais esperar que todos tenham a mesma mentalidade“, disse ele.

Cuidado com a Casa Comum e amor à Amazônia

O Papa Francisco deixou como legado, segundo o cardeal Steiner, seu chamado para cuidar da nossa casa comum. Laudato Si, a encíclica ecológica do Papa, foi —como o cardeal lembrou— um texto-chave na Conferência das Igrejas de Paris de 2015: A Laudato Si’ foi mencionada em todos os discursos. É a Igreja que despertou.”

O carinho do Papa pela Amazônia era permanente. “Ele a via como o pulmão do planeta, mas também como uma terra de povos indígenas, dignos, sábios, guardiões da vida. Isso o comoveu“, disse ele.

Mulheres, inclusão e abertura

O cardeal também elogiou o papel central que Francisco atribuiu às mulheres na vida eclesial, citando religiosas nomeadas para cargos importantes no Vaticano, como a Irmã Simona Brambilla e a Irmã Raffaella Petrini: “Na Amazônia, quase todas as lideranças comunitárias são mulheres. Francisco entendeu isso e abraçou”, disse ele.

Ele também destacou sua acolhida aos homossexuais e não cristãos: “Ele quebrou muitos paradigmas, acolhendo sem julgamentos, com respeito e ternura“, afirmou o cardeal.

“Ele também nos precedeu no céu”

Por sua vez, o bispo auxiliar de Manaus, Dom Zenildo Lima, enfatizou que este foi um pontificado de “precedência”. Ele citou o verbo “primerear” da Evangelii Gaudium e afirmou: “O Papa nos precedeu na misericórdia, na proximidade aos pobres, no cuidado da criação… Agora ele nos precede também no céu”.

Para o bispo Lima, é significativo que a celebração da Páscoa de Francisco tenha ocorrido neste tempo litúrgico: “A Igreja se lembrará por muito tempo desta compaixão de Deus que nos alcançou através de sua vida, de suas ações e de seu pontificado“.

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