Novo rito amazônico: sinal de inculturação e sinodalidade na Igreja

Novo rito amazônico: sinal de inculturação e sinodalidade na Igreja
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Não se cria um rito, porque não se cria um rito na Igreja. O Rito Amazônico abrange as práticas de inculturação do Evangelho e a encarnação da Igreja no território“, ressalta Agenor Brighenti, em documento resumo do Marco Geral do Rito Amazônico.

Em um evento inédito para o catolicismo contemporâneo, a CEAMA (Conferência Eclesial da Amazônia) revelou o Marco Geral do Rito Amazônico, um documento teológico-pastoral que pode marcar o nascimento do primeiro novo rito litúrgico em mais de quinhentos anos. Preparado sob a coordenação do teólogo Agenor Brighenti.

Este texto, fruto de quatro anos de trabalho, responde ao mandato do Sínodo para a Amazônia (2019) e propõe uma profunda transformação eclesial: uma Igreja que fala línguas indígenas, dança ao ritmo da selva e celebra a fé a partir da reciprocidade cósmica de seus povos.

Sobre o Rito Amazônico

Brighenti lembra que, desde suas origens, a Igreja é uma comunidade de diversidade litúrgica. Embora nenhum novo rito tenha sido criado há mais de 1.500 anos, atualmente há 24 ritos reconhecidos: 23 ritos orientais e o rito romano no Ocidente. Nessa rica pluralidade, o Rito Amazônico acrescenta uma expressão legítima do catolicismo: uma unidade que abraça a pluralidade.

Falando sobre o Rito com cara própria, o teólogo Agenor destaca que a chegada do Evangelho à Amazônia no século XVI, por meio de missionários espanhóis e portugueses, trouxe consigo o Rito Romano. Desde então, as comunidades amazônicas passaram por um longo processo de inculturação de sua fé, reinterpretando o cristianismo à luz de sua visão de mundo, línguas, mitos e práticas ancestrais. O Rito Amazônico não é uma adaptação do rito romano; é uma criação teológica, cultural e pastoral que nasce das profundezas da Amazônia e de seus povos.

O documento resumo também afirma que a espiritualidade é marcada pela harmonia da criação: a região amazônica, habitada há mais de 12.000 anos, é um caldeirão de culturas, línguas e tradições espirituais. Os povos indígenas vivem uma espiritualidade ligada à natureza, que é vista como sujeito, habitada por espíritos protetores e como espaço de revelação. A harmonia com a selva, os rios, o vento e os seres visíveis e invisíveis faz parte de uma espiritualidade integral, simbólica, relacional e sensorial.

DOCUMENTO RESUMO ( Baixe aqui)

https://observatoriosinodalidad.org/wp-content/uploads/2025/04/O-Marco-Geral-do-Rito-Amazonico-em-Resumo.-Versao-digital.-POR.pdf

Igreja com rosto amazônico e espírito sinodal

O Rito Amazônico é a manifestação de uma nova eclesiologia, que preconiza uma Igreja indígena, inculturada, laica e comprometida com a vida. Na Amazônia, mulheres e leigos têm papel de destaque. Eles também devem ser reconhecidos nas esferas ritual e ministerial.

Este rito é o rosto visível de uma Igreja que caminha ao lado dos povos, que aprende suas línguas e seus cantos, que compartilha suas lutas e que se compromete com a defesa de nossa Casa Comum. É uma Igreja pluricultural e sinodal, que busca integrar a diversidade sem uniformidade, e que acredita que a unidade não se constrói a partir da imposição, mas do diálogo e do discernimento comum.

Em suma, o Rito Amazônico é um sinal profético de uma Igreja que quer aprender a respirar com os pulmões da Amazônia. Uma Igreja que, nas palavras do Papa Francisco, não coloniza, mas sim “escuta, aprende e acompanha”.

“Um novo rito não é uma ruptura”

 Segundo o Sínodo da Amazônia, o novo rito se somaria aos ritos já presentes na Igreja, enriquecendo o trabalho de evangelização, a capacidade de expressar a fé na própria cultura e o senso de apreço pela Igreja local e pela colegialidade que pode expressar a catolicidade da Igreja”, afirma a introdução do documento.

Além disso, ele deixa claro que “um novo rito não é uma ruptura, mas sim um enriquecimento da Tradição da Igreja”. E é expressão da configuração de uma Igreja com rosto amazônico na liturgia, nos sacramentais, na espiritualidade, na teologia, na iniciação à vida cristã, na liturgia das horas comunitárias, na mistagogia, no Ano Litúrgico, nos ministérios, nas estruturas e na organização da própria Igreja.

Baixe aqui o Documento Geral de Referência do Rito Amazônico completo:

ESP- doc – quadro-geral-do- rito- amazônico – digital


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