A Conferência Episcopal Italiana (CEI) decidiu adiar a aprovação do Documento Final da sua Assembleia Sinodal até 25 de outubro, buscando alcançar “um texto mais maduro e aprofundado”, segundo o Vatican News. De acordo com o artigo, os 1.008 participantes —incluindo 168 bispos, 530 leigos e vários representantes da Igreja— propuseram inúmeras emendas durante as sessões realizadas de 31 de março a 3 de abril no Salão Paulo VI.
Cardeal Matteo Zuppi, presidente do CEI, enfatizou que esse adiamento permitirá “decisões mais proféticas” após um necessário período de reflexão.
Um processo sinodal que prioriza a qualidade em vez dos prazos
Os participantes descreveram o processo como “um campo de treinamento para a sinodalidade”, enviando uma mensagem ao Papa Francisco destacando o estilo fraterno do diálogo. “A Igreja não é um parlamento, mas uma comunidade de irmãos e irmãs reunidos na única fé”, citaram os delegados, refletindo o espírito do Pontífice.
Monsenhor Erio Castellucci, presidente do Comitê Sinodal, explicou que embora os grupos tenham trabalhado “intensamente e criativamente”, o texto atual ainda requer “uma reformulação abrangente”.
Questões sensíveis e desafios pendentes
Entre os pontos que exigem maior discernimento, destacam-se duas questões particularmente sensíveis: o acompanhamento de pessoas com orientações sexuais ou identidades de gênero diversas e o papel das mulheres na Igreja.
Esses tópicos, juntamente com outros como transparência econômica, migração e ecologia, geraram amplo debate durante as 150 intervenções registradas. O Cardeal Zuppi enfatizou que não há divisões, mas sim “pedidos de aprofundamento”, especialmente para que “todos se sintam parte desta casa”.
O artigo do Vatican News revela que, inicialmente, 95% das intervenções críticas rejeitaram partes substanciais do documento. No entanto, o clima evoluiu para um diálogo construtivo nos grupos de trabalho. Castellucci destacou a “abordagem transversal” dos bispos para tornar a Igreja “mais dinâmica”, ao mesmo tempo em que busca melhorar as 50 Proposições que surgiram das dioceses italianas nos últimos quatro anos.
Rumo a uma síntese sinodal mais inclusiva
O adiamento para outubro reflete a complexidade de articular uma síntese que integre perspectivas diversas sem perder de vista o horizonte missionário. Zuppi reconheceu que, embora “o texto perfeito não exista”, é necessário traduzir o “espírito de participação” em decisões concretas. Os participantes concordaram em manter a “alegria” do processo, mesmo ao abordar tópicos delicados.
Este episódio marca um marco na jornada sinodal italiana, mostrando como a CEI está colocando em prática o chamado do Papa Francisco de priorizar “o tempo sobre o espaço”.
O Documento Final, agora em fase de refinamento, buscará equilibrar a riqueza do discurso com diretrizes claras para a Igreja italiana, sempre baseadas no paradigma de “comunhão e corresponsabilidade” que caracteriza esse processo.
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